Alaska

   Há aproximadamente 3 anos, quando voltei de Ushuaia, já decidi que minha próxima viagem seria destino Alaska. Mais do que o destino em si, o grande objetivo e percorrer toda a américa para conhecer suas paisagens, sua cultura, sua gastronomia e tudo mais pelo caminho. Para esta grande aventura, dediquei 1 mês de planejamento para a viagem e para minha ausência da rotina por tantos meses. Neste projeto, caso seja financeiramente viavel, estenderei a viagem para Europa. Neste trecho, percorri desde são paulo até antofagasta no chile.

Acompanhe o Mapa na Galeria Alaska!

 
 

Dia 1 - 02/05/19 – Depois de deixar tudo arrumado no dia anterior, acordo cedo para conseguir sair as 6h. Pontualmente, saio destino Foz do Iguaçu. Trajeto longo já no inicio, ainda conhecendo a moto, e adaptando aos equipamentos como luva, bota, etc. A mala tanque foi o único imprevisto pois o suporte que tinha, não instalava na moto modelo 2019. Segui por horas com direito a poucas paradas, que somadas, acredito que não tenha completado nem 1 hora. Em um delas no acostamento, a moto tombou pois parei no declive não deixando engatada. Prontamente, 2 pessoas pararam e me ajudaram a levantar. A moto é muito pesada! Já notei que se ela ameaçar virar, dificilmente vou conseguir segurar ela para não tombar. Por outro lado, se comportou excepcionalmente na estrada com todo peso.

Chegando em Foz, depois de mais de 1000km encontrei um hotel simples com garagem onde me hospedei. Ainda tinha a facilidade de usar internet, que facilita bastante. Bem cansado, jantei um churrasco bem perto do hotel e dormi para ir no dia seguinte para o Paraguai.


 

Dia 2. - 03/05/19 – Acordei sem muita pressa e peguei informações a respeito do Paraguai. Descobri que a melhor maneira era cruzar de moto-taxi, pois não ficava parado em meio ao transito dos carros. Peguei um moto-taxi em frente ao hotel, por 15 reais e segui para o Paraguai com o motorista dirigindo como louco. Chegando la ainda quis cobrar 5 reais a mais porque pedi para sacar dinheiro. Ali me pareceu que tudo funciona na malandragem como qualquer centro comercial grande. Chegando no Paraguai, que loucura! Gente e loja pra todo lado, tentando te vender as coisas. Sai andando rápido tentando achar as coisas para ir embora logo. Quanto ao dinheiro, segui as recomendações de levar reais e trocar na casa de cambio la, sendo mais vantajoso, e comprar os produtos em dólar. Acabei comprando um fone scala rider para capacete, a go pro, cartões de memoria, panela de camping, uma pequena mochila e um power bank. Voltei para o brasil também de taxi e também louco. Jantar ali do lado do hotel mesmo pra dormir e acordar cedo.


 
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Dia 3 - 04/05/19 – Sigo destino corrientes. Sai por volta das 7h para evitar fila na fronteira e de fato cruzei sem atraso. Sem muitas burocracias para entrar na argentina, exceto a carta verde (seguro obrigatório) que já tinha feito. No inicio da estrada tinha uma manifestação que me atrasou aproximadamente 30 min. Ali fiquei conversando com brasileiros e argentinos que me perguntavam a respeito da moto e da viagem. Segui viagem sem grandes problemas. Passei por vários postos policiais que mandaram seguir viagem. Chegando em corrientes, fui para um hostel que tinha pesquisado no qual me estabeleci. Nesse dia, me certifiquei que quarto compartilhado não será uma boa opção para viagem por vários fatores. Paguei 45 reais e acabei gastando mais 20 pro estacionamento. Não tinha e eu não tenho toalha. Com o monte de mala e equipamento, não consigo ficar muito a vontade e não consigo ficar tranquilo de que não vao me roubar, pois as coisas não cabem em locker. Resumindo, evitar hostel.

Sai para jantar caminhando por volta das 19h, em busca de algum lugar qualquer para comer e dormir. Os lugares todos fechados, e so abriam as 20:30. Exausto, comi no primeiro que achei e peguei um taxi pra voltar pois já tinha andado para muito longe. Proximo destino seria para santa Fé.


 
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Dia 4 E 5 - 05 E 06/05/19 –Sigo cedo para Santa Fé. Enquanto arrumava minha moto na rua, parou uma viatura do meu lado. Achei que viria encrenca, porem o policial simpático, desceu pra me perguntar da moto e da viagem, ficando conversando apenas, inclusive me ofereceu um mate!

Existe uma fama de que a policia é corrupta na argentina. Muitos relatos antigos de policiais tentando tirar dinheiro, porem, felizmente minha impressão foi o contrario, sendo a maioria muito simpático e prestativo. Essa impressão da policia argentina e passado, chegaram a me dizer que teve um escândalo em que vários policiais foram exonerados, o que não sei se e verdade.

Chegando em santa fé, cruzei um complexo de pontes sob o rio parana. Desci pela ruta 12 pois já havia feito o trajeto pela ruta 11 que e paralela. Igualmente boas as estradas. Fui em direção a um hotel que tinha pesquisado e acabei parando em outro, com bom preco e confortável. 

Decidi ficar o dia 06/05/19 na cidade para descansar, trocar moeda, lavar roupas e organizar tudo.


 

Dia 6 - 07/05/19 –Saio as 6 e pouco, ainda a noite. Foi clarear apenas por volta das 7:20. Valeu a pena, um belo nascer do sol na estrada. Sigo destino baldecitos com chuva o tempo todo. Seguindo o GPS, me enviou por dentro de cordoba! Como não sabia  de alternativas, obedeci. Dirigi aproximadamente 1 hora pelo transito. Em uma parada para abastecer antes de pegar estrada, conheci o Lucas, um argentino que morou no brasil e se encantou da viagem. Já saindo do YPF, ele veio trazendo 2 paes de presente para o resto da viagem.

Ainda seguindo o GPS, cheguei em um trecho que estava bloqueado por desmoronamento. Neste momento me perdi tentando achar alternativas, já que o GPS ficava mandando eu voltar pelo caminho que estava bloqueado. Foram umas 3 horas perdido/desvio. Terminei o desvio exausto. Ao menos o caminho do desvio era uma serra muito bonita, talvez aproveitasse mais se não estivesse tão cansado. Segui um pouco mais já desistindo de chegar ao meu destino, pois havia atrasado muito e chegaria a noite. Parei pelo caminho em uma cidade agradável chamada villa de soto, onde arrumei um hotel bom e barato. Dei um banho na moto que estava cheia de barro da chuva que tomamos o dia todo. No jantar, uma bela parrilla para compensar o perrengue!


 

Dia 7 - 08/05/19 – Acordei um pouco mais tarde e segui rumo rodeo, uma pequena cidade com um lago onde pretendia acampar e praticar kitesurf! Infelizmente o dia chuvoso, não dava muita esperança de ter condições pro kitesurf, além do frio (+/-15 oC). No caminho, encontrei um alemão também de moto viajando há 1 ano, que me informou que o paso aguas negras que pretendia passar estava fechado. Me despedi e parei no próximo posto para averiguar, confirmando a informação. Replanejei para cruzar por outro paso, o san Francisco. Meu destino mudou para villa union, cruzando por dentro de um parque nacional Telampayo. No caminho, um pequeno animal semelhante a um avestruz me cruzou o caminho. Em geral, a maior parte do tempo dirigo sem as mãos, e no susto fui ao guidão, quando tive a infelicidade de subluxar meu ombro. Uma dor muito intensa porem consegui seguir viagem.

Chegando na vila, muito agradável, consegui um hotel muito barato. Decidi então ficar por 1 dia a mais e organizar vídeos, fotos, e o site. Nesta cidade produzem vinhos da uva bonarda, que existe em poucos lugares do mundo. Por fim, como tinha o dia seguinte livre, tomei um belo porre com 2 garrafas de vinho local.


 

Dia  8 - 09/05/19- Dia não tão produtivo quanto esperado por conta da ressaca. Para as próximas, nada da segunda garrafa de vinho. Sai pela tarde pela praça para imprimir o meu seguro obrigatório para o chile (soapex), e como em outras cidade, eles tem uma siesta prolongada a tarde! O pessoal do mercadinho embaixo do hotel ainda me deu uma zoada perguntando se eu queria tomar mais vinho... pelo jeito passei por la ontem. Preparar para sair cedo amanha compensar a improdutividade do dia!

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Dia 9 - 10/05/19 – Consigo sair ao clarear, ou seja, quase 8h. Aproveito abastecer o galão de 10L que carrego e encher o tanque no cartão, pois sigo rumo aos andes. A rede YPF na argentina e ótima, com boa gasolina e padrão de estacion de servicios, onde posso desayunar minhas medialunas, expresso e me integrar com os amigos pela internet. Sigo pela famosa rut 40 sentido Fiambala. Saio com sol, porem em pouco tempo vem a chuva, que me acompanha metade do caminho. Passo por uma bonita serra que sem duvida vale a visita, porem a maior parte do caminho são retas ao lado dos andes. Chego em fiambala por volta das 15h, onde almoço e pergunto por informações. Meu plano e acampar nos andes, mas tenho receio do frio na madrugada. Sou informado que os ventos levantando areia na entrada da cidade são preditivos de queda de temperatura, que me preocupa um pouco. Sigo rumo a aduana argentina chegando por volta das 17, e já não encontro ninguém para fazer a migracion. Meu objetivo seria acampar no lado chileno, perto de um lugar chamado laguna verde e com vista ao ojos del salado. Diante da nova situação, converso com a única pessoa que encontro, que trabalha em um abrigo por 400 pesos. Perco alguns minutos na duvida nos últimos raios de sol a 5oC, de me desafiar em acampar nos andes ou ceder à comodidade. Nisso vejo uma fumacinha saindo da chaminé do refugio e cedo minha teimosia por um espaço ao lado da lareira. Tenho uma péssima noite de sono, não pelo frio, mas possivelmente pela altitude ou pela comida. Náusea e desconforto por toda noite. Amanha cruzo par ao Chile!


 
 

Dia 10 - 11/05/19 – Acordo ainda mal e estreio minha farmácia. As 8h ainda escuro, porem já inicio a me preparar recusando ao conselho do dia anterior para que saísse mais tarde fugir do frio. Ao sair do refúgio, me deparo com o riacho do dia anterior todo congelado! Caminhando em direção a aduana a uns 100m onde havia ficado a moto, já sinto meus dedos começarem a doer bastante. Monto rapidamente as malas na moto e ligo para checar a temperatura, -10oC! Ainda sem ninguém para migracion, volto para o refugio esquentar as mãos. Em seguida, faço minha migracion, aqueco os motores e parto sentido ao chile. A distancia da fronteira seria 21km, e ate resolver as burocracias, já haveria de esquentar um pouco. 21km depois, chego de fato a fronteira, porem para minha surpresa, vejo apenas uma placa escrita “controle de migracion a 108km”. Isso muda um pouco minhas expectativas, já que o termômetro chegou a marcar -12oC. Decido continuar o percurso, que continua a subir ate atingir 4750m de altitude!

Inicialmente autoafirmando que eu agentava, ate o ponto que de fato passei a me preocupar achando que teria problema. As extremidades doíam muito, principalmente as mãos, que não melhoravam com o aquecedor de manopla. Cheguei a parar e correr uns 50 metros no acostamento para aquecer, o que já foi suficiente para voltar ofegante pelo esforço na altitude. Fiquei um tempo parado sem vento nas mãos apenas tentando aquece-las no aquecedor de manopla. Por ultimo, decidi colocar a capa vagalume, para me isolar totalmente do vento frio e tentar ficar pelo menos centralmente mais aquecido. Essa etapa de colocar a capa, me obriga a tirar a bota e as luvas, vulnerabilizando as parte mais criticas. Foi muito difícil colocar a capa, pela dor das extremidades expostas, pela capa que estava mais dura como se estivesse congelada e pelo esforço físico a 4700m. Cheguei a ter uma leve hipotensão neste processo quando me apoiei na moto, seguro que um desmaio ali eu estava morto.

Por outro lado, a paisagem era sensacional, lindíssima. Era difícil querer parar tirar foto ou filmar em condições tao extremas. O ponto mais critico, segui direto pois estava muito preocupado, porem um pouco antes e um pouco depois foram aproveitados. Passei pela laguna verde em que pensei em dormir, cheia de neve, com lagos congelados e temperatura perto de -10C, seria uma péssima ideia. Na estrada, sentia muita diferença em dirigir a -5 e a -10, sendo a sensação extremamente desproporcional a variação de temperatura. Fiquei por horas por volta de 4600m e a -10 graus.

Sobrevivendo aos Andes, cheguei a aduana chilena, muito mais burocrática que a argentina. De ai, mais 170km em estrada de terra, que alias, era muito bonita! Um trecho semelhante a los caracoles, uma serra muito bonita rodeada de rochas íngremes e uma região mais de planície ate chegar em copiapo. Aproveitei a cidade grande para trocar moeda e encher o tanque ( o posto mais perto dai pelos andes, é em fiambalá). Segui para Chanaral, onde tem um parque nacional e pretendia acampar. Fiz os últimos 18 km (que na verdade era 28) ate o camping onde me hospedei na barraca, primeiro dia de camping. Como cheguei a noite, não tive oportunidade de ver a vista, apenas escutar as ondas. Amanha pretendo seguir para Antofogasta, fazendo o caminho com mais calma e passando pela mano del desierto. Minha impressão e que a viagem de fato começou ontem, pois os outros dias eram muitas distancias a cumprir, ajustes a fazer, burocracias a resolver. Agora sigo com mais calma.


Dia 11 - 12/05/19 – Acordo depois de uma noite muito confortável apesar de camping. Ao abrir a barraca me deparo com uma bela praia no parque nacional Chañaral. Uma parte havia pedras com ondas fortes, e outra acessível pela areia, com o sol já no máximo, porem a agua gelada e o clima a 15 graus não estava convidativo. Descobri que a agua do banho era gelada e já comecei a criar coragem pois já estava há 2 dias sem banho. Decidi caminhar para subir umas pedras em busca de uma boa foto e já me aquecendo. De fato consegui boas fotos, bela paisagem do Pan de Azucar. Voltando enfrentei direto a ducha gelada, e na sequencia, como ainda não tenho toalha, dei uma chacoalhada e fui pro sol secar. Organizei novamente minhas coisas para seguir viagem.

A viagem se inicia ainda pelo parque nacional entrando rapidamente na ruta 5 que me levaria ate antofagasta. O trajeto e todo no deserto, com apenas 1 posto encontrado pelo caminho e poucas paradas para descanso ou comida. Ao longo deste trajeto, há vários estacionamentos no acostamento para descanso dos caminhoneiros que trafegam por esta estrada. Acabei parando para descanso algumas vezes, principalmente por sono, sendo que a sombra da moto era a única que tinha para proteção. Segui sem grandes problemas ate la mano del desierto, onde parei para tirar fotos (clássica essa.) Ali encontrei com o luke, um australiano que viaja faz 10 dias de moto e segue também rumo norte. Trocamos contatos para facilitar trocas de informações e me comentou a respeito de outro cara da republica checa que estava indo também rumo norte. Segui viagem rumo antofagasta na sequencia, chegando em poucos minutos. Como não havia hospedagem, parei em um posto para comer e usar wifi em busca de hospedagem. Encontrei a mais barata e segui rumo a esta. Neste posto encontro também com outro viajante que por coincidência era o Martin da republica checa que viaja há 4 meses! De fato segue rumo ao norte e também trocamos contatos. Me hospedei na hospedaje Loa, com preco acessivele  bom wifi. Isso me incentivou a mais um dia de descanso e atualização do site, fotos e vídeos.


Dia 12 - 13/05/19 – Dia parado em antofogasta. Por estar um pouco mais afastado o hotel, tive dificuldade para comer. O bairro que estava não me parecia seguro, então evitei sair de moto e acabei ficando no hotel o dia todo. Preparado para acordar cedo amanha.