Alaska

Apenas uma pequena margem do litoral chileno fica ao nivel do mar, cedendo bruscamente à altura dos Andes. Já no inicio subimos milhares de metros, mantendo uma media deste trecho por volta dos 4000m de altitude. Inevitavelmente, o frio me acompanha neste trajeto. Trecho de Calama - chile até lima no perú.

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Dia 13 - 14/05/19 – Acordo sozinho e ainda é noite, quase voltando a dormir e vejo que já era 7h da manhã. O amanhecer ainda está mais tarde, quase 7:30. Já começo a preparar tudo para seguir viagem. As senhoras que trabalham na hospedagem são muito legais e prestativas apesar da simplicidade. Abasteço pelo caminho e sigo destino são Pedro do Atacama. Minha intenção era passar pelo La portada (formação rochosa no mar, ponto turístico) porem era fora de mão, e ia em direção a chuva, já que meu caminho brilhava forte o sol. Desisti e segui rumo a São Pedro. Pelo caminho, mais deserto. Desta vez totalmente dominado pela mineração, com muitos caminhões e minas ao lado das estradas. A s cidades pelo caminho eram todas dominadas pela mineração. Passei também por várias ruinas de cidade de minas que foram abandonadas e da época da mineração de salitre. Ao acabar a extração do mineral, a cidade desaparecia e virava ruinas. O salitre foi grande fonte de renda do chile, e tem também relação com campos de concentração da época da ditadura.

A primeira grande cidade foi Calama, uma das principais do norte do chile. A cidade também parece totalmente destinada à indústria, e parece um oásis no meio do deserto (no sentido de ter um pouco de verde para mudar a habitual cor de areia.) Segui para São Pedro do Atacama, com belas paisagens pelo caminho. Já tinha destino de hotel recomendado pelo Luke com bom preço, o que facilita a vida. Já hospedado, fui ao centro trocar mais dinheiro. Cidade extremamente turística. Já estive aqui em 2008, e por isso já fiz os passeios e visitei as principais atrações. A transformação da cidade me parece um pouco com Jericoacoara (onde morei por 2 anos e meio), que em alguns anos, perdeu um pouco o encanto por estar extremamente comercial e turística. Em busca de informações sobre o salar uyuni, todos me recomendarar não entrar nesta primeira parte, por risco de estragar minha moto, me machucar ou extremo perrengue. Já estou cedendo a esta ideia, indo provavelmente direto para o salar uyuni já na Bolívia.


 

Dia 14 - 15/05/19- Decidi fica neste dia parado em São Pedro do Atacama para tentar ajudar ao Luke a consertar a sua moto. No dia anterior sua moto havia parado de funcionar, com a bateria girando o motor porem ele não acionando. Sua moto é uma Royal Enfield 400cc, indiana, porém muito encontrada em outros países como Austrália. É uma moto muito mecânica facilitando as possibilidades de auto conserto, muito diferente da mina que já e totalmente eletrônica e dificilmente conseguiria resolver algo. Começamos cedo a procurar nossas possíveis suspeitas, que seria a vela e o filtro, que estavam bons mantendo a moto sem ligar após trocar. Fomos então para nossa última suspeita que seria o carburador, muito mais difícil de desmontar. Enfim retiramos ele e abrimos para limpa-lo. Ao movimenta-lo escutava-se um som de algo solto e quando abrimos, de fato havia um parafuso solto, que depois de pesquisa, descobrimos ser um dos componentes para ignição. Podíamos ter achado a causa do problema! Montamos tudo de volta, e para nossa surpresa, a moto pegou normalmente de primeira. Ficamos todos muito felizes pelo desafio vencido. Luke poderá seguir viagem, e eu ajudei um novo amigo.

Em seguida, chega em nossa pousada Martin, que pretende segui caminho para os gêiseres del tatio e de lá seguir para Bolívia. Esse era o meu novo caminho planejado para chegar a Uyuni e visitar o salar. Como já era´12:30, negociei para que não ficasse uma diária mais e seguisse viagem ainda neste dia, o que fiz. Saímos após abastecer com destino dos gêiseres del tatio a 90km dali. Fizemos uma viagem lenta com muitas paradas para fotos. Chegamos lá por volta das 17h com o sol ainda nos iluminando. Conversamos com os Rangers que ficaríamos a noite ali, e nos indicaram onde montar a barraca. Alertaram quanto ao frio da noite, desacreditados que pretendíamos fazer isso mesmo. Encontramos no estacionamento um casal de austríacos, muito legais, que vieram se apresentar e ofereceram para montar as barracas ao lado do caminhão em que viajam para proteção do vento. Acabamos optando por outro local com maior proteção ali do lado.

Começamos a montagem das barracas para que estivesse tudo pronto ao fim dos últimos raios de sol. Nesse tempo, chega mais uma van com um casal de italianos que viajam a américa do sul. Desceram e se apresentaram e também passariam a noite por ali. Com a barraca montada, Martin foi cozinhar e eu achei melhor comer parte de uma empanada que tinha e me abrigar prontamente, pois ao pôr do sol, já estava 5 graus. Me preparei com um plano A de colocar praticamente todas roupas que tinha para dormir sob o fino isolante térmico que tinha e o saco de dormir. Meu plano B seria colocar as roupas que uso para viajar de moto e meu Plano C seria pedir socorro, correr, procurar outro abrigo ou qualquer coisa em situação de desespero.

Com tudo pronto na barraca, vieram o casal de austríaco conversar com a gente, e escutando todos nos lá fora, vieram também os italianos. Ficamos lá por uns 30 min até todos começarem a congelar as mãos e pés. Durante a viagem, encontrar outros viajantes e trocar experiência e uma das coisas que mais gosto. Todos sempre muito prestativos em se ajudar. Vendo minha preocupação quanto a noite, me ofereceram cobertores ou roupas extras. Agradeci a disposição e deixei como possibilidade, porque achei sacanagem pegar cobertor de quem havia se preparado para isso e provavelmente ia usar.

Ao entrar na barraca às 18:30, o termômetro da moto marcava -0,5 graus. A noite prometia ser fria e emocionante.


 

Dia 15 - 16/05/19 – A madrugada de fato foi péssima. Pouco depois que entrei na barraca, não sentia nada de aquecimento em mãos e pés, após uns 20 min movimentando e tentando esquentar no saco de dormir. Decidi aproveitar que ainda era cedo e já ir por plano B, no qual coloquei a jaqueta da moto, luva e a bota da moto (embrulhada em saco plástico par evitar sujar o saco de dormir). Abdiquei de colocar também a calça para forra –lá por baixo para tentar melhorar o isolamento. Entrei como tudo isso, no saco de dormir, deixei uma fresta apenas para respirar e essa seria a maneira que passaria toda a noite.

Foi uma longa noite. Tentava dormir e acordava com um lado do corpo que estava em contato com o chão, com muito frio. Mudava de posição e tentava dormir novamente. Pouco tempo depois a mesma coisa, e foi assim a noite inteira. No meio deste tempo, comecei a nausear, provavelmente pela altitude. Ter que sair dali para vomitar e perder o pouco calor que estava armazenando nas roupas, no saco de dormir e nas barracas, seria risco de vida. Me controlei para que não fosse necessário. Quando a jaqueta levantava e o parte interna do saco de dormir entrava em contato direto com a pele, parecia gelo! Quando achei que já estava perto da hora de acordar, olhei para o relógio e era 0:00, havia muito pela frente ainda.

Continuei no sofrimento até 5:30 quando iriamos para os gêiseres. Ao sair da barraca, vejo cristais de gelo formados por toda capa externa dela. Toda umidade congelou. Como já estava com todas roupas que tinha, não precisei me trocar e já saí. O marcador da moto marcava -12 graus. Comprei o bilhete e tomamos o carro para os gêiseres. A paisagem era muito bonita, com vários gêiseres soltando vapor pelo chão. O sol ainda não havia nascido, e não sentia mãos e pés. Tirar luva para tirar foto era um enorme sacrifício. Fiquei andando pelos caminhos que levava aos diferentes locais, não para ver os gêiseres mas para tentar aquecer mão e pés.

Ao nascer do sol começou a melhorar a tortura que passava. Comecei a me aquecer sentindo aliviado. Mesmo após uns 30 min de estar sentindo extremidades e sensação de aquecido, não sentia os dedos do pé esquerdo. Achei que tinham congelado mesmo. Parei para tirar a bota e ver como estavam, e felizmente estavam íntegros, ainda gelado pela maior umidade na meia desta bota que não deixava aquecer. Esse foi o momento em que oficialmente havia sobrevivido a madrugada.

Ao voltar dos gêiseres, começamos a levantar acampamento para seguir viagem. Conversamos um pouco com nossos novos amigos, nos despedimos e seguimos viagem. Caso chegue a Europa, fui convidado a me hospedar na Áustria, e Itália. Seguimos viagem destino Calama para abastecimento. Passamos por trechos ruins com muita areia. Tombei a moto mais uma vez quase que parado, porem levantei prontamente com a ajuda do Martin e seguimos viagem. Decidi não ir para calama com o Martin, pois seria 90km de desvio e acho que tenho autonomia suficiente para chegar a Bolívia. Segui destino Ollargue.

Que paisagem incrível! Acredito que uma das mais bonitas até agora. Cruzei pelo meio de vários vulcões (alguns ativos), por vários salares pequenos que estavam minerando, por vários lagos (inclusive umas rosadas com flamingos) e estradas muito bonitas. Muitas paradas para fotos, e desvios offroads para chegar perto dos flamingos. Chegando a Ollargue, uma cidade muito menor do que imaginava. Metade dela parece ser a ferrovia. Procurei por hospedagem e me hospedei em El Tambo, a mais econômica das 4 disponíveis na cidade. Fui rapidamente a municipalid, local onde encontraria wifi. Rápida pesquisa e voltei par o hotel por conta do frio que já começava a apertar. No hotel que também era restaurante, combinei meu cardápio com a senhora e jantei um delicioso ovo com batatas e bisteca. Deitei em uma cama decente, com bom travesseiro e cobertores adequados. Neste momento me senti em um hotel 5 estrelas.


 

Dia 16 - 17/05/19 – Noite muito agradável, finalmente. O frio dificulta muito levantar apesar do sol estar alto. Me organizo e aproveito para passar o resto do combustível do tanque para a moto, mais seguro de carregar. O estacionamento me dá uma bela vista para um grande vulcão! Aqui estamos sempre cercados de belas paisagens. Como meu ovo com chá, preparado pela senhora e sigo ao centro para um pouco mais de wi-fi da municipalidade e planejamento da viagem. Ao chegar na aduana, faço a migracion rapidamente e na hora da aduana, me pedem um papel que teria recebido porem não o tenho. Achei que as coisas poderiam azedar por aí, mas depois de um charme do fiscal, me liberou. Já a entrada na Bolívia foi muito simples e rápida.

Havia 2 rotas possíveis para seguir para o Uyuni, tomei a recomendada por estar melhor. A paisagem sempre rodeada de vulcões. A estrada de terra era de boa qualidade com pequenas regiões piores. Na sequência dos vulcões, passo por uma seria de pedras sedimentares cuja erosão esculpiam elas de diferentes formas. Ao parar para foto, acabei entrando em um bolsão de areia, tomei 2 tombos ali quase parado, porém sem grandes repercuções a mim ou a moto, com exceção da enorme forca para levanta-la. O trajeto adiante piorou um pouco por conta das obras que haviam na via me obrigando a passar por trechos muito arenosos, com muito risco de queda.  Por fim já chegando em uyuni, já avistam diversas miragens ao horizonte, sinal que o salar está por perto.  Ao chegar em Uyuni, como habitualmente, tinha em mente algumas opções de hotel e me direcionei para esta região. No caminho parei em um para perguntar porem estava fora do meu orçamento. Em seguida, o dono me indicou um alojamento do outro lado da rua, também dele, que me faria um bom preço. De fato, paguei 50 bolivianos a diária de um quarto com bom wi-fi e banheiro compartilhado. Em seguida, banho, jantar cerveja e cama.


 

Dia 17 -18/05/19 – Acordo tranquilamente sem hora com medo de sair da cama por conta do frio. A o sair, vou em busca de um café da manhã, e encontro um ótimo no centro! Alimentado, pego a moto e sigo para o salar do Uyuni, o maior em todo mundo. Além da beleza, é um dos maiores depósitos de lítio do mundo, minério que está em alta atualmente. A entrada do salar fica a 20km do meu hotel e não e muito difícil de ser achada, porem tem sua dificuldade para entrar, pois fica regiões alagadas e semelhantes a areia, tentando desequilibrar os motociclistas. Ao vencer a entrada, sigo a esquerda em direção a uma construção, a qual acreditava ser o monumento que procurava. Essa região não era tão fácil dirigir como imaginava, com muito s relevos e algumas áreas fofas. Chegando a construção, não era absolutamente nada. Não contava com mapa, GPS, nem orientações locais. Em seguida decidi me dirigir para um aglomerado de carros e aí sim encontrei o tal do monumento do Dakar realizado na Bolívia em 2016. Tirei algumas fotos e segui em direção as ilhas do Salar.

As ilhas estavam a 70 km, e como já estive por aqui há alguns 10 anos desisti de ir até lá. Fiz um desvio e andei sem rumo um pouco, sentindo a liberdade que o Salar proporcionava. Parei para uma sessão de fotos no salar que não poderia deixar passar, e voltei pelo mesmo caminho me orientando pela bussola do gps e alguns referenciais que havia tomado. Ao sair do salar, fui em busca de um posto para lavar a moto. Por 25 bolivianos, e claro que a lavagem não foi tão boa, porem cumpriu a função de retirar a sujeira do Salar. O sal ali presente, quando em contato com agua, se torna um ácido extremamente corrosivo, judiando até das melhores ligas metálicas.

Voltei ao hostel e aproveitei o resto do dia para lavar parte das roupas (que não iria usar para dormir ou jantar), e organizar parte das minhas fotos e vídeos. O hotel que estou, para não o colocar como perfeito, e extremamente gelado! O único lugar quente e embaixo dos cobertores. Apesar de apenas 50 bolivianos para um quarto bom, o banho a qualquer hora do dia e sofrido, e sair do cobertor a qualquer hora do dia e frio demais. Tirar as mãos do cobertor para mexer no computador já deixa as extremidades muito frias!

O jantar foi em um restaurante local, onde experimentei costela de lhama e bisteca de carne com arroz e fritas por 40 bolivianos (uns 25 reais). Muito bom! Apesar da tentativa de tomar uma cerveja, a cidade e cheia de restaurantes, sem ter nenhum lugar muito convidativo. Voltei para casa e fiquei até a madrugada aprimorando minhas habilidades de adobe première.


 

Dia 18 - 19/05/19 – Hoje, não tinha hora para acordar, porem despertei as 6h. Estava animado para mexer nos vídeos já, porem o fato de tirar as mãos do cobertor é coisa séria. As temperaturas diárias variam entre -5 e 14 graus, por isso sempre muito frio. Por volta das 9h tomei um ótimo café da manhã pelo centro da cidade. Ao voltar, aquecido da caminhada, fui lavar minha única calca, única blusa, e únicos segunda peles de frio que atualmente são meus pijamas, ou seja, fiquei sem roupa de frio. Apesar do sofrimento de lavar pela agua fria, estou com toda mala limpa para seguir viagem. Resolvi comprar uma nova blusa reserva, pois tem sido necessária. No caminho aproveitei para turistar por uma feira que acontecia aos domingos na cidade. Pro almoço, um Belo lomo saltado. Para janta, fui ao mesmo restaurante que fica perto, vestindo a calça de moto e a blusa nova, já que ainda estão secando as roupas.

Para amanhã, pretendo seguir destino La Paz, no dia 21 visitar o Huayna Potosi. Entrar de moto em La Paz não me agrada, pois é uma cidade enorme com transito caótico. Vou me aventurar nessa, pois há passeios que quero fazer por lá.


Dia 19 - 20/05/19 – Acordo bem cedo ao amanhecer. Não convém acordar antes, pois o frio impossibilita de seguir viagem tão cedo. Saio seguindo o GPS sentido La Paz passando pela grande cidade de Ollargue com previsão de 500km de viagem. A paisagem sempre muito bonita e montanhosa. O ótimo asfalto torna a viagem divertida dentre uma curva e outra. Por aí sigo de ótimo humor parando para fotos, me distraindo com o arredor. Para minha surpresa, surge uma placa: Bem-vindo a Potosí. Esta é uma linda cidade com muito a conhecer, que já estive em 2008 e que não estava no meu roteiro! Realmente não sei se me distrai e perdi a saída que deveria pegar ou se o Gps já me enviava pelo caminho errado, porem havia andado 200km e ainda me faltava 500km como os iniciais até La Paz. Dirigir em curvas, e muito mais cansativo que em retas, e já estava bem cansado achando que estava no meio do caminho. Ao me recompor, busquei a estrada sentido La Paz, e o Gps me enviava por uma estrada de terra em meio a um “lixão” o qual eu não entrava, pois buscava um acesso que conectasse 2 grandes rodovias do país. Fiquei uns 20 minutos em busca deste acesso, e no fim descobri que minha passagem seria mesmo por dentro deste entulho, o que me impressionou pelo porte das rodovias que deveria conectar. Depois de notar meu erro que custou 200km em serra, mais os 20 min perdidos, segui por mais 150 km em mais serras. O desgaste físico e mental já tomava conta de mim. Abasteci em um dos poucos postos de gasolina no caminho, que me cobraram 8,68 bolivianos, preço especial para estrangeiro na Bolívia, atingindo quase o triplo do preço habitual. Enfim, um pouco de reta, e em mais 150 km cheguei em La Paz

Que caos! Não que não estivesse esperando, porem ao Chegar em El Alto no horário do rush pelo atraso (cidade conturbada de La Paz), os engarrafamentos com carros buzinando e desrespeitando qualquer norma de transito que exista, já me fizeram mudar a direção responsável e tentar cruzar a cidade depressa. Tinha receio de ficar parado e andar devagar, o que me parecia tornar-me vulnerável a assaltos ou acidente, seja pelo carro de trás que te “empurravam” ou pelos que avançavam pela minha frente. Segui o caminho que o Gps me mostrava com muitos desvios a rota. O Gps mapeia todas passarelas e escadarias da cidade, e me enviava por elas, o que era impossível. Segui com muitas correções do Gps e enfim cheguei ao hotel que já havia me programado.

Identifiquei-me na recepção as 18:40e ao conectar ao wi-fi, já havia uma mensagem da agencia de turismo de que fecharia as 18:30, questionando onde eu estava. Respondi e sem subir no quarto, segui imediatamente para a agencia. Fechei o passeio para ascensão do Huayna Potosi no dia seguinte, pois haveria um grupo e o valor era melhor. Jantei ali do lado e voltei ao hotel definitivamente para subir ao quarto umas 20:30. Foi um tempo de um banho, comunicar com a família e dormir.

Dia 20 - 21/05/19 – Acordei tranquilo, pois o passeio seria apenas as 9h. Tomei meu café, arrumei minhas coisas para deixar na guarderia e segui para perto da agencia comprar as últimas coisas que me faltavam. Não tinha vestimenta de montanha adequada e tampouco a mochila que necessitava. Aluguei a mochila e o resto me emprestariam. Tampouco tinha óculos de sol, essencial para passeios em neve. Comprei alguns snacks e agua para caminhada e fui em busca dos óculos de sol. Havia como uma feira de roupas, porém não encontrava em lugar algum os óculos. As lojas que poderiam ter estavam fechadas e abriam apenas as 9h. Já a caminho da agencia, encontrei uma única loja, onde comprei o primeiro óculos que vi por 20 bolivianos (15 reais). Segui para agencia. O guia Eduardo se apresentou, e depois descobri que era um dos mais experientes da região. Conheci também meus companheiros, Leon da Inglaterra e José Juan da Costa Rica. Leon tentava pela segunda vez, pois na primeira passou mal, e Juan, já tinha escalado inúmeras montanhas e veio para Bolívia só para isso. Já havia feito o condoriri e faria o Sajama depois. Entramos na Van e seguimos para o depósito buscar os equipamentos. Os guias se impressionaram com o preparo do Juan e o meu despreparo. Estava com as únicas coisas que tinha, como calça Jeans, tênis de corrida, sem mochila, e por fim, ao mostrar os óculos que havia comprado, ele já havia quebrado no meu bolso. Equipei-me com o que incluía no passeio, aluguei o que faltava e peguei lanterna e óculos emprestado com a cozinheira da equipe. Seguimos de van ao Huayna Potosí. Na primeira parada vimos de longe a imponente montanha de 6080m. O desafio se pareceu muito maior do que imaginava. Seguimos para o acampamento base, onde montamos nossas mochilas. Recebemos um almoço da cozinheira que me emprestara os acessórios. Iniciamos nossa caminhada destino acampamento alto a 5400m de altitude. A subida era muito íngreme, muito pesada com a ausência de oxigênio pesando muito, junto com a mochila que tinha 12kg. Por várias vezes passa pela sua cabeça de que não aguenta mais, e que deveria desistir. Chegamos no campo alto exaustos. Arrumamos as coisas para o dia seguinte e deitamos descansar. Acordamos por volta das 17 para o jantar, em que foi servido apenas uma sopa e já nos deitamos para dormir.

Dia 21 - 22/05/19 – Acordamos as 0:30 e começamos a nos preparar. Roupa pesada para o frio, cadeirinha de escalada, grampones, piolet, lanterna, snack e agua. Tudo o que tínhamos carregado sofridamente no dia anterior. Eu e o Leon nos amarramos em corda no Eduardo e o Juan no outro guia. Isso e feito para caso alguém caia em grutas escondidas na neve ou escorregue na íngreme ascensão, que não morra. Iniciamos a caminhada inclinada no gelo. Apesar de lenta, e extremamente cansativa. Nosso guia apesar de devagar, estava em ritmo acelerado, pois passávamos todos outros grupos. No meio desta ascensão eu e o Leon já estávamos bem cansado e em uma das paradas que Leon solicitou, tive uma hipotensão que tive que me sentar. Continuamos na sequência com o Leon já dando sinais de que estava no limite, quando chamou o guia e falou que não podia mais. Diante da situação, o Eduardo veio conversar comigo, que deveria descer levar o Leon, me restando 2 opções: chamar o grupo que estava acima e seguir com eles, ou voltar com eles para o campo alto. Caso seguisse com o outro grupo, não teria opção de desistir, pois teria que fazer o Juan descer também. Cheguei à conclusão de que alguém seria prejudicado, e sinceramente, não achava que chegaria ao topo, apesar de conseguir prosseguir por um tempo mais. Optei por voltar com eles ao campo alto. Ao chegar no campo alto, comecei com quadro de diarreia. Depois de me recuperar, fui dormir até amanhecer o dia.

Acordamos derrotados pela montanha e começamos nossa descida. Também cansativa e exigente, chegamos ao campo base onde descansamos, almoçamos e aguardamos pelo transfer que chegou atrasado. Foi uma ótima experiência apesar de não ter atingido o topo. Chegamos a uns 5600m, onde fomos sufocados pela altitude. A altura a partir de 5500 não e fisiológica, seu corpo está sofrendo, definhando. Sentimos isso na pele. Adorei a experiência de alta montanha, senti o que precisaria melhorar. E muito importante respeitar seu limite, e na próxima, volto melhor preparado. Cheguei em La Paz para um banho, descanso e por fim uma cerveja. Achei uma ótima steakhouse, onde comi um ótimo bife e tomei uma ótima cerveja boliviana! O Leon, com peso na consciência fez questão de me pagar a conta, apesar de eu dizer que não era necessário. Juan foi embora e continuei na cerveja com o Leon em um pub inglês ao lado. Mais um bom amigo que a viagem me apresentou, espero chegar na Europa para mais umas cervejas.

Alimentado, bêbado, banhado, fui dormir confortavelmente no calor da coberta.


Dia 22 - 23/05/19 –Acordei sem hora, porem cedo. Dia livre e como sempre baixo fotos e vídeos, edito, público e faço o trabalhoso dever das redes sociais. Aproveitei lavar roupa e dar uma volta pela cidade. Não resisti e jantei no mesmo restaurante com uma salada e outro belo T-Bone. Vou dormir cedo para sair cedo no dia seguinte para passear pela estrada da morte destino coroico e na sequencia seguir para o Peru. Devo acordar cedo para fugir do transito matinal de La Paz.


Dia 23 - 24/05/19 –Acordo cedo de fato! Após preparar as coisas, consigo sair 6:50 logo ao amanhecer. Já me deparo com transito porem bem viável de circular. Gps me faz dar umas boas voltas em La Paz, mandando sempre por caminhos que não existem, porém consigo sair sem grandes sufocos. Sigo pela Ruta 3 destino Coroico. Estrada boa atravessando as montanhas. Chego a entrada para estrada da morte, que seria a ruta antiga antes de construir a ruta 3. O início e muito ruim, com muitas pedras soltas, bem difícil de circular já com abismos em um dos lados. Me preocupo de que toda estrada seja assim, porem em poucos quilômetros ela melhora. Sigo bem devagar para evitar intercorrências e para aproveitar a paisagem que tem uma beleza exuberante! Inúmeras cachoeiras despejando no meio do seu trajeto na estrada, com as laterais sempre um precipício mortal. Fui lentamente curtindo muito o passeio e tirando fotos. Aproveitei 2 vezes e voei o drone para buscar novos ângulos. Muitos monumentos em homenagem às inúmeras vítimas que perderam suas vidas na estrada. Os túmulos já englobados pela natureza se fundem a beleza do local.

Ao chegar em coroico, me dirigi de volta a pista sentido peru. Neste trajeto, muita agua, lama, pedras lisas! Dirigir ficou muito difícil e desafiador. Pela segunda vez a moto foi ao chão, sempre parado. A moto esta alta, pois é a posição mais confortável do banco e ainda tenho a almofada. Poucos graus de inclinação e já fica impossível segurar os 300kg da moto carregada. Esta vez especialmente demonstrou isso, pois conseguia segurar a moto com esforço e pouco inclinação, mas me faltava mais 2 cm de comprimento de perna para chegar ao equilíbrio. Depois de um tempo, foi mais fácil deixar ela cair e levanta-la melhor posicionado.

Chegando a Ruta 3 de volta, uma imensa neblina tomava conta da estrada, molhando quem passava como uma garoa fina. Parei em uma ponte e coloquei a capa vagalume. Segui viagem pelo único trajeto possível, cruzando novamente por La Paz. Ao chegar em La Paz, volto a ter problemas com o GPS querendo me enviar pelas escadarias. Nisso, perco aproximadamente 2 horas brigando com o GPS que me enviava para cruzar o centro de La Paz. Depois de muito sufoco, acabo saindo em outra rota que seguia para outra fronteira que não estava planejada. Aceito o trajeto como alternativa para sair mais rápido do caos. Sigo então destino Copacabana por uma estrada às margens do enorme lago Titicaca.

Para minha surpresa, a estrada termina de frente a uma balsa. Sem alternativa senão voltar, entro com a moto na insegura balsa, junto a um automóvel e um caminhão. O vento no canal me faz debruçar na moto pisando no freio para que a Lopi não vá parar no fundo do Titicaca junto com toda minha viagem. Nisso, os outros motoristas vêm satisfazer suas curiosidades a respeito da moto. Ao chegar a outra margem, gentilmente me ajudam a retirar a moto de ré da balsa. Sigo viagem destino Puno, que me estaria ainda a 150 km. Chego na fronteira para imigração que surpreendentemente estava vazia. Faço a saída da Bolívia com destaque para o simpático oficial da aduana. Ao chegar no Peru, tenho o desgosto de conhecer a aduana peruana, que além da documentação, me exigiu o Soap (seguro obrigatório de automóveis para terceiros). Aí vem toda aquela história do: “vou te ajudar”, “sou seu amigo”, “quanto você tem”, “café”. Como opção contraria, teria que deixar a moto, entrar no pais, pegar taxi, providenciar o seguro (possivelmente em cidade a 2h dali) e voltar a buscar a moto. O “almoço” me custou, muito a contragosto, 40 bolivianos (30 reais). Segui viagem um tanto indignado.

Às custas do atraso de La Paz, vejo o pôr do sol na estada às margens do Titicaca e pego estrada por aproximadamente 1 h a noite. Chego em Puno e sigo para o hotel que já havia pesquisado. Localizado no centro turístico de Puno, tardo para chegar até ele. Estabelecido, saio jantar um belo Lomo Saltado peruano com uma taça de vinho chileno. Como admiro a Gastronomia peruana!

Meu destino seria Cotohuasi a 700km, porem pelo cansaço do dia, opto por ir até Arequipa a apenas 350km, para não ficar sofrido.


Dia 24 - 25/05/19 –Aproveito a manhã para achar o seguro soap e não ter problemas pelo caminho. Circulo pela cidade com tudo fechado e descubro que há 1 hora a menos de fuso horário que o antigo. Ao voltar mais tarde para as lojas, encontro um seguro por 97 soles. Não foi fácil, pois várias lojas não fazem para moto, dentre as que fazem várias não fazem para estrangeiras. Algo obrigatório deveria ser facilitado ou ter informações a respeito divulgadas. Segundo a corretora, há uma tolerância para entrar ao pais sem o seguro porem deve procura-lo rapidamente. A data de entrada no pais seria a referência da polícia para tolerância. Apesar de minhas buscas, não consegui fazer antes online e segundo a corretora, realmente não é possível, pois o papel do seguro e numerado e timbrado especial. Troquei minha moeda e segui viagem.

Ao sair de puno, seguindo pelo asfalto, o GPS me envia a e esquerda por uma estrada de terra ampla, contraria ao asfalto no qual seguia. Parei a moto, chequei se era isso mesmo e optei por seguir o GPS. Já no início cruzo por áreas rurais muito bonitas, tomando meu tempo para fotos e até para voar o drone. Esperava chegar em breve o asfalto que conectaria 2 grandes cidades do Peru. Após 20 km, parei em um posto perguntar da estrada. O senhor me informou que em aproximadamente 40 km iria ter asfalto. Para não voltar os 20km que já havia andado, segui pela recomendação.  Após uns 3 km, já inicia um bom asfalto, o que me animou pois iria mais rápido.

Para minha surpresa, o asfalto volta novamente a ser terra. Sigo muitos quilômetros já não querendo voltar e perder tudo o que já tinha andando. O caminho vai ficando progressivamente pior e cada vez mais deserto. O GPS continuava me enviando pelo caminho. Parei para uma foto e percebi que havia caído a capa de chuva. Voltei um pouco sem encontrá-la (o que não seria difícil) e decidi aceitar a perda e seguir a viagem que me preocupava.

A um certo ponto, cheguei em uma bifurcação e seguindo o orientado, tomei a rota. Depois de uns 5km cruzo com outra moto e paro perguntar. Para minha surpresa e era pelo outro lado. Volto todo caminho e sigo corretamente. A essa altura, o trajeto estava horrível, com muita pedra, as vezes areia, pedras soltas e as vezes sem marcas de automóveis. Cruzei por um grande rebanho de animais, quando veio um simpático bode me receber. Era tudo o que poderia esperar de contato externo naquele lugar tão remoto.

Ao chegar na segunda bifurcação, segui novamente o orientado e rodei mais uns 8km quando ele me mandou virar na rota a direita. A minha direita havia apenas um mínimo resquício de caminho intransitável pela quantidade de vegetação que já o dominara. Decidi seguir em frente ver se achava alternativa. Rodei mais um pouco sem encontrar nada. Passei com uma cidade deserta onde decidi voltar para tentar achar alguém com informações. Ao retornar na areia a moto se vai ao chão. Olhei ao redor, e novamente cercado de linda paisagens, sem caminhos, sem informação, GPS completamente perdido, eu completamente perdido, a horas da última cidade que havia passado. Apesar de tentar manter o controle, a sensação de desespero vinha chegando.

Levantei a moto e imediatamente vejo ao lado um casal vindo de moto. Aflitamente parei eles para informação. Confirmo que estava sentido oposto ao meu destino e deveria ter tomado o outro lado da segunda bifurcação. Sentimento inexplicável nessa hora. Subo na moto e começo a segui-los por parte do trajeto em comum. Chego a uma pequena vila onde eles ficam e dizem que devo seguir adiante. O GPS recalcula e coincide com o orientado. Sigo mais quilômetros com uma péssima estrada com qualidade que talvez nunca tenha enfrentado de moto na vida. As poucas motos que cruzo, paro todas em busca de informações. Todas me dizem para seguir reto e lá na frente virar à direita (como indicava o GPS). Segui, segui, segui na velocidade que o sol se abaixava. Em uma das retas havia uma saída a direita, que não era indicado pelo GPS. Depois de tanto sofrimento continuo confiando neste aparelho? Confiei e segui. Já exausto de dirigir em condições tão extremas, comecei a acelerar conforme a estrada me permitia um pouco mais. Acabei passando por alguns buracos e valetas mais rápido que deveria, partindo meu coração de forçar a companheira que sofria ali comigo. A ansiedade de chegar na saída a direita indicada no painel, e de fato haver uma saída era muito forte. Ao chegar, lá estava a saída. Indicava uma estrada cruzando um parque nacional e saindo em outra pista. Um carro que passou neste momento, confirmou e avisou que a outra rodovia era o asfalto que eu deveria ter tomado desde o início da viagem.

Sigo em relativa alta velocidade na terra batida de pouco melhor qualidade.  Os buracos, valetas, rios e areia na pista, testavam minha habilidade e cansaço. As paisagens continuavam incríveis, mas não queria mais paisagem! Estava a 4500m de altitude a 5 graus célsius e o sol sumia no horizonte. Já chegando perto da pista, cedi algumas paradas para foto. Dirigir a noite seria inevitável de qualquer maneira. Lindo pôr do sol.

Cheguei ao asfalto! Me faltava mais 140km. Dirigi na estrada pesada de caminhões e temperatura baixa. Não havia povoados ou postos de combustível no caminho. Reserva já estava perto. Segui pela estrada até Arequipa, já sentindo muitas dores pelo esforço físico. Abasteci prontamente ao chegar e fui em direção ao hotel que já havia pesquisado.

Ao chegar no endereço, descubro que era o endereço da oficina e não do hotel. O endereço verdadeiro era cruzamento da avenida X com Y. GPS não aceita cruzamentos, então coloquei avenida X com número qualquer e segui, só queria chegar. Seguindo o caminho, começo a subir o morro, já na periferia da cidade, de aspecto mais pobre, mais deserto até que as ruas começam a virar terra. Estava em uma “favela” da cidade com uma moto de 20 mil dólares e equipamentos. Me senti os gringos que vão visitar a rocinha seguindo o Waze. Dei meia volta, e comecei a ir todo caminho de volta com vontade de largar o gps lá mesmo. Parei em um lugar mais claro e movimentado e coloquei o hotel 2 opções que seria mais caro. Cheguei nele e me hospedei ali mesmo.

Pensei por todo caminho que descansaria o dia seguinte e que hoje seria motivo de um belo porre. Fiz o check in, guardei a moto, jantei ao lado do hotel, banho, e fui satisfazer minha curiosidade. Havia outra estrada asfaltada e o hotel estava bem longe de onde o gps me enviava. Dormi.


Dia 25 - 26/05/19 – Acordar sem hora é uma delícia. Acontece que mesmo sem obrigações, tenho despertado cedo. Após o café da manhã, passei o resto dela escrevendo, baixando fotos e atualizando redes sociais como habitual dos dias parados. Por volta do almoço fui visitar a bela Plaza de armas de Arequipa. Me sentei em uma varanda em frente a ela e pedi algumas cervejas, a Arequipeña. Levemente embriagado, pedi um taxi para que me levasse a um restaurante recomendado, o Sol de Mayo. Ali, acompanhado de mais uma cerveja, pedi o tradicional Cuy, um prato muito gostoso e saboroso. Voltei ao hotel já no final da tarde. Fiquei por ali até dormir.


Dia 26 - 27/05/19 – Hoje seria o dia de ir a Cotahuasi. Conhecido como maior cânon do mundo, porem um destino ao qual não se ouve falar muito. Após planejamento na noite anterior, liguei o GPS como secundário. Os árduos últimos dias me fizeram reavaliar minha rotina para os destinos. Minha última viagem ao Ushuaia, fiz toda sem GPS, o que também implica em alguns problemas. Ao adquirir um para esta, achei que milagrosamente seria o suficiente, até por inexperiência com o aparelho. Estes últimos dias custaram sofrimento para aprender com meus erros. O Gps não substitui um bom planejamento prévio e a partir de agora será meio auxiliar apenas. Sigo destino Cotahuasi. A primeira saída segui orientação do Gps e dei uma volta a mais por dentro da cidade. Força do habito. Na sequência, me atentei ignorando mais 4 saídas indicadas pelo Gps e cheguei corretamente à entrada para Cotahuasi. Em alguns minutos já avisto um imenso vale com o fundo verde e azul. Início descendo até ele, atingindo por volta dos 500 m de altitude e na sequencia inicia-se a subida até os 4700m em curvas no asfalto, com pequenos trechos de areia, terra ou ripio fofo (última parte que esta asfaltando).

O trajeto todo para por áreas muito rurais, no início com várias vilas e conforme sobe, transformando-se em deserto. Já muito cansado das curvas, me deparo com o profundo cânon e Cotohuasi ao fundo dele. Ainda muitas curvas para descer porem com uma paisagem exuberante que me distrai e encurta o restante da viagem.

Chegando à pequena cidade, paro em um hotel e por 20 soles me hospedo nele, o mais barato da viagem até agora. Ao sair pela noite em busca de jantar, encontro apenas pollerias, extremamente regionais. Não há nenhuma infraestrutura de turismo na cidade, o que me impressionou. Escolhi uma delas com um menu de 8 soles. A sopa inicial, aparentava estranha, porem a comi sem problemas. O prato principal, que era opção única, impressionou positivamente, pois estava bem saboroso. Voltei ao hotel cansado na esperança de usar o wi-fi, porem ausente. Os 2 principais pontos turísticos ficam a 1:20, um para cada lado. Não sei o que fazer dia seguinte: Voltar o árduo caminho ou seguir para algum dos pontos turístico?

Dia 27 - 28/05/19 – Acordo decidido a ir embora. Mais 1 hora e pouco em terra não me animou muito. Com essa nova decisão, um novo dilema: Voltar o caminho que vim, ou arriscar um suposto caminho adiante em direção a lima, com uma suposta economia de tempo? Ao perguntar pela cidade, opiniões se dividiam em relação a qualidade da estrada e se valeria a pena. Fui então tirar minha dúvida no centro turístico da cidade. Ao subir a escada e chegar no local, havia uma mesa na recepção vazia, e uma sala com portas abertas e 5 pessoas conversando. Todos me olharam e continuaram conversando. Eu ali parado, descobri o que acontecia. As pessoas na sala eram os responsáveis por promoção do turismo na cidade, e estavam discutindo como trazer turistas para cidade. Depois de uns 10 min, perguntei se alguém poderia me dar informação e me responderam que era só esperar que a senhora da mesa vazia, já iria falar comigo. Decidi ir embora, e voltar pelo mesmo caminho sem arriscar o desconhecido como já havia sofrido nos dias anteriores. Justificado a ausência de turismo em um lugar tão lindo. Falta Capitalismo e competência para o lugar.

Segui viagem de volta com bom ânimo e energias recarregadas. Aproveitei para tirar mais fotos e vídeos. Curti mais a paisagem. No fim das contas, fazer o trajeto de volta foi mais leve, e passou mais rápido. Tamanha leveza, que me levou até Atica, além do meu destino planejado. Cidade bem dedicada a estrada, com hotel a beira dela, na qual parei quando anoitecia. De volta ao nível do mar! Temperatura já fica mais agradável.

 Saí a noite para jantar. Muitas pollerias novamente! Encontro um restaurante turístico melhor arrumado com preços salgado, porem decido comer um pouco melhor. Ao chegar meu Lomo saltado, como e continuo com fome pelo tamanho pequeno. Havia comido apenas um simples café da manhã por todo o dia, assim como nos outros dias que não tenho almoçado. Por fim, paguei os 28 soles pelo prato turístico péssimo e na volta pedi outro lomo

saltado muito bom que paguei 8 soles. Claro que exagerei, mas fiquei satisfeito. Conversei o que aguentei com minha querida Isabela e dormi.