Patagônia
De volta à argentina! descendo rumo sul, encontro belas paisagens com grandes imprevistos!
dia 18 - 03 de fevereiro de 2016
Mudança de planos, 100km rodados rumo a esquel em aproximadamente 3h. Acordei as 9h como no dia anterior mas dessa vez sem a temperatura agradável do sol da manha e com a barraca balançando pelo vento. Como imaginava, o tempo estava nublado com cara de chuva. Isso estragaria todos meus planos de churrasco, cerveja, mergulho no rio gelado. Além disso comecei a pensar como seria dormir na barraca com chuva, além de acordar no dia seguinte e desmontar acampamento e montar a moto tudo molhado. Por fim, lembrei que atravessar a fronteira no dia seguinte atrasaria minha saída ( abre as 8 ou 9 horas) e os 45 km estragariam a geral que ia dar na corrente da moto. Motivo o suficiente pra desmontar acampamento e seguir para esquel.
Trecho curto a ser percorrido hoje, sendo metade de ripio. Deu pra aproveitar mais para tirar fotos da paisagem. Foi bem rápido os tramites da fronteira hoje, já que e menor o movimento. Atrasei um pouco mais porque parei para acudir uma senhora com o pneu do jeep furado. Coitada, estava ela, 2 filhas, o namorado de uma delas e o recém nascido de outra. Todos sem ter ideia de trocar pneu. Pediram ajuda dai parei e ajudei a trocar, já que tenho um curso intensivo de trocar pneu de buggy em Jericoacoara com o Sergio Navarro Araya com todos níveis concluídos, incluindo sol, noite, areia, mare enchendo, mangue, bêbado e etc. Pneu trocado, a senhora muito agradecida ofereceu dinheiro em agradecimento, que obviamente recusei. Bom saber que as pessoas ainda ajudam só por ajudar, e qualquer dia essa ajuda volta de outras maneira pra mim.
Estabelecido em hotel, dormir macio e quentinho hoje porque pra amanha ta duvidoso o destino. Programação e seguir sentido el calafate. 1200km com longos trechos de provável ripio a serem percorridos em 2 dias. Alguns detalhes já da pra afirmar de dirigir no ripio: 1. Cansa significativamente mais, exigindo mais paradas. 2.O tempo aumenta, já que a velocidade diminui. 3. Poeira, muita. 4. Bagagem tem que ser checada com mais frequência, porque o balançar da estrada afrouxa as amarrações. Algumas considerações a serem feitas desse trecho também, que e muito mais deserto, e por isso diminui bastante a disponibilidade de hospedagem, postos de gasolina (muitas vezes centenas de quilômetros entre um e outro sendo que chega no posto e pode estar sem gasolina) e fluxo de veículos na região. Por esse motivo Começo a partir de agora a usar o tanque reserva que carrego ate agora comigo. A moto tem autonomia de 16L (uns 320km) e o tanque tem capacidade de mais 10L. Único detalhe a ser estudado ainda e onde carrega-lo cheio, já que estive carregando ele no assento traseiro, mas não queremos 10L de gasolina vazando ali na minha bunda ne. Bom, o tanque ta ali cheio de agua de ponta cabeça pra passar a noite e ver se há vazamento. Tenho como alternativa carregar ele na pedaleira amarrada junto ao protetor de motor. Vou descobrir amanha no caminho qual a melhor e mais segura maneira. Além disso, acho que começa o frio também durante o dia. Hoje ficou entre 20 e 25C durante o dia e pela noite já abaixo de 15 quando vi pela ultima vez. Começar a usar o equipamento para o frio. Comunicação acho que fica difícil também, apenas pelo SPOT (tipo um bip via satélite que carrego comigo para caso de emergência) que tem algumas pessoas cadastradas mas da pra acompanhar também pelo link. Levo comida comigo pra não passar fome como no dia do villarica.
Amanha pretendo dirigir o máximo que conseguir, já que e mais cumprir distancia, provavelmente parando bastante pra descansar e tirar fotos. A região de calafate e onde devo ficar um bom tempo fazendo passeios e percorrendo pequenas distancias apenas. Mais belas paisagens pra conhecer.
Dia 19 - 04 de fevereiro de 2016
580 km rodados em 10h. Apesar do plano de sair cedo, a preguica me atrasou. Ainda fui colocar gasolina e encher o galão reserva (que se comportou bem durante a noite sem vazamentos). Segui viagem sentido em el calafate com ideia de rodar o máximo possível. Temperatura entre 10 e um máximo de 15 graus. Como planejado, fui parando em todos postos do caminho. Todos sempre com extensas filas de uns 30 min porque pelo jeito todo mundo faz a mesma coisa. Conheci ai um grupo de 4 motos de são jose do rio preto, pessoal gente fina, seguiram viagem na frente enquanto eu almoçava um choripan na churrasqueira armada ali na rua.
Logo após a saída da pequena cidade de gobernador costa , dou de cara com uma paisagem medonha; uma grande tempestade no meu caminho. Fui seguindo devagar pra ver se a estrada mudava para direção contraria mas não deu certo, começou a chover. Parei no acostamento para colocar capa nas malas quando vejo o grupo das outras motos voltando da tempestade. Perguntaram se estava tudo bem comigo e quando confirmei, seguiram viagem de volta. Tentei avançar também, mas chuva e vento começaram a apertar, então voltei ate onde não chovia, já que a tempestade cruzava a pista e não avançava na minha direção. Fiquei ali por 2 horas observando a tempestade. Nesse tempo passou um cara bem gente fina, que esta fazendo ushuaia ate sua cidade ao norte correndo! Para cada km que ele corre, ele ganha um kg de alimento de caridade para a cidade dele, também na argentina. Após esse tempo, tentei mais uma investida que também foi fracassada. Voltei ate a cidade onde estava colocar novamente gasolina pra não passar aperto. Rodei uns 100 km ai por nada.
Depois de mais um tempo esperando na cidade, decidi tentar mais uma vez, contando pegar chuva dessa vez e seguir em frente se viável. Por sorte, dessa vez poucos momentos chovia fraco. Cheguei em Rio Mayo, 125 de perito moreno que seria meu destino final. Como o ceu ficou preto de novo, e já era por volta de 20:30, me estabeleci aqui. No final das contas, apesar do atraso e de muita duvida do que fazer, foram boas decisões. Pouco ripio no caminho, pelo jeito a região ta sendo toda asfaltada.
Programacao amanha e tentar tirar o atraso, seguir para el calafate 750 km em umas 10h.
Dia 20 - 05 de fevereiro de 2016
Ceu azul! 601.6km rodados em mais 10h. Acordo otimista de rodar bastante, pois o tempo estava ótimo. Levanto e já sigo viagem, pois tanque havia enchido na noite anterior. Chego em perito moreno, que era o destino anterior. Paro no posto para completar combustível e por ai começa o grande problema do dia. Não há gasolina. Não suficiente, descubro que houve uma manifestação no leste da argentina e por isso fecharam as estradas, proibindo todos, principalmente caminhões , de passarem. Perguntando, descubro que todas cidades dali pra frente estão em escassez de combustível. Havia previsão de chegar combustível ali naquele mesmo dia, mas completamente incerta. Aguardei por 2 horas e nada. Nesse tempo cheguei a conclusão que precisava aumentar minha autonomia, e por isso comprei mais u galão de 10L que agora o carrego junto. Após essa espera pelo caminhão que nunca chegava, segui pra outra cidade a 56km na qual boatos diziam ter. Cheguei la e descubro que e aniversario da cidade, e a avenida do posto interditada por 1 hora. Após muitas voltas e conversões proibidas, cheguei no posto sem precisar assistir o desfile. Enchi todos tanques e segui viagem.
Cheguei novamente em perito moreno, com apenas 56km de consumo e segui viagem. Passei por bajo caracoles e como esperado um monte de gente ilhada e também sem gasolina. Como ainda tinha para seguir, fui em direção de gobernador gregores, maior cidade regional, pois nao tinha gasolina suficiente para calafate. Outra opção seria seguir para três lagos (povoado minúsculo!) também com boato de estar sem gasolina, e quantidade no tanque duvidosa, com chance de ficar no caminho.
Chegando em governador, avisto o posto com uma enorme fila parada...Fudeu! De fato estava sem gasolina. Encontrei um chileno que viajava também de moto e me disse que na noite anterior a previsão era chegar pela manha, na manha a previsão era para tarde e a tarde quando cheguei a previsão era pra noite. Era 20h já e não sabia o que fazer, não acreditava que ia chegar e já estava 1 dia atrasado no meu cronograma. Cogitei tentar seguir para três lagos em velocidade mínima para aumentar rendimento, tentar gasolina ali e se não tivesse como era provável, deixar a moto e pegar carona para calafate (no caminho, havia visto um caminhão de gasolina e perguntei pra onde seguia:Calafate). Tinha um pub em frente o posto, então desisti e no final fiquei por ali mesmo, onde encontrei além do chileno, um brasileiro de carro, e um grupo que cada um viajava sozinho e se juntaram : um inglês, um americano e um japonês. Bebemos boas cervejas ali. Enquanto isso, por volta das 22h chega o caminhão de gasolina! Parecia gol da seleção na final da copa do mundo(Faz tempo já), com todo mundo gritando, buzinando e o próprio caminhão entrou no clima, dando luz, pisca alerta e buzinando. Bem engraçado.
Depois das cervejas e de encher o tanque, combinei com o chileno de seguir viagem no dia seguinte. Enquanto comia, ele já tinha ate armado barraca. Quando voltei depois de varias cervejas, estiquei o isolante térmico que comprei em esquel, coloquei as roupas, peguei so a capa da barraca e me cobri com ela. Dormi bem mendigo ali no chão do posto mesmo. O isolante foi ótimo, passei a noite super bem
Programacao agora com tanque cheio e chegar de novo em calafate.
Dia 21 - 06 de fevereiro de 2016
304.6km rodados em 4h. Acordei cedo porque o checkout da rua era cedo. Montei a moto rápido porque na verdade mal havia desmontado ela. Seguimos viagem. Após um 6 km começou ripio que seguir por 75 km ate virar asfalto de novo. A qualidade variava as vezes boa e as vezes bem ruim. Quase, quase mesmo cai. Fui olhar alguma lhama ou alguma coisa no caminho e o pneu (tentei ir com ele cheio porque tinha bastante asfalto depois) virou no ripio. Smabou de um lado pro outro mas segurei ela em pe.
Chegando na bifurcação para chalten mudei os planos de novo e decidi seguir para chalten pois seria mais caminho ( queria chegar em calafate antes pra fazer a reserva para o glaciar que e concorrida). Cheguei em chalten por volta das 12, enchi o tanque como prioridade e estabeleci num dos primeiros hotéis que achei. Agilizando tudo isso, consegui correr e fazer o trekking para a laguna de los 3 no cerro fitz roy. Nessa correria, recuperei o meu atraso no cronograma.
O trekking por aprox. 25km durou umas 8 h contando paradas e etc. Paisagem fenomenal, vale muito a pena conhecer. Voltei exausto com algumas bolhas no pe e dores nas pernas. Tomei um banho, jantei 2 empanadas e dormi.
Programacao e seguir pra el calafate.
Dia 22 - 07 de fevereiro de 2016
235km em 2:30. Enfim chego em calafate. Cidade regionalmente muito maior. Com mais tempo procuro hospedagem. Cada vez que desco, sobem mais os preços, juntando que e feriado aqui também. Decido me hospedar em camping. Aproveito para geral na moto, lavar todas roupas possíveis, cambio de moeda, mercado (achei saco de dormir barato!) e check up geral de novo. Agendo o passeio com succeso (o mini trekking, pois o big que queria realmente estava esgotado). Aproveito pra tomar a cerveja patagônia no final de tarde e termino comendo um belo bife de chorizo, um dos melhores (e maiores) ate agora.
Programacao e conhecer o glaciar perito moreno.
Dia 23 - 08 de fevereiro de 2016
150km rodados. Acordo um pouco mais tarde, passeio agendado para 11:30. Sigo de moto para entrada do parque para economizar o traslado.
O passeio começa em 20 min de barco ate a ponta do glaciar, onde fazemos uma caminhada para dentro dele. Apesar de também bem turístico, e bem interessante e diferente. Uma pena não ter dado certo o trekking maior, deve ser bem melhor. Terminamos com um copo de whisky com gelo do glaciar. Voltando da cidade direto pro posto de gasolina garantir, já que tem fila o dia e noite inteira e alguma hora deve acabar.
Dia tranquilo hoje. Jantar um belo cordeiro patagônico bem preparado com um taca de vinho. Programacao para amanha e acordar sem pressa e seguir para puerto natales.
Dia 24 - 09 de fevereiro de 2016
280 km rodados em 7 horas aproximadamente. Levantei sem pressa conforme planejado. Depois de arrumar tudo, sigo viagem sentido puerto natales. Estrada também com bastante retas intermináveis. Comecou ai os ventos a incomodarem, mas ainda tranquilos. Depois de aproximadamente 100km chega a bifurcação que já esperava sem saber ainda o que fazer. Por um lado, asfalto com 75 a mais de estrada. Por outro, ripio sem saber a qualidade com boa economia de caminho. Entrei na estrada macabra que tinha um boneco preto com uma mascara estranha pendurado na primeira ponte. Fui seguindo ainda tentando descobrir se valeria a pena ir por ali. Parei um caminhão, que me disse que realmente era ruim a estrada mas se mantinha do jeito que estava ali onde conversávamos ( um ripio tranquilo). Decidi seguir por ali mesmo. Passando alguns quilômetros dirigindo, começa piorar a qualidade do ripio assim como aumentar muito o vento. Não adianta muito perguntar para motoristas de carro porque não sentem na direção alguns detalhes da estrada que fazem toda diferença pra moto. Ai foi uma outra quase queda, mas ainda invicto! Do meio pro final começou a ficar muito difícil pra dirigir. Com o ripio ruim, tentava seguir o rastro dos carros, que ajudava um pouco, assim como aumentar um pouco a velocidade. Acontece que o vento aumentou demais, sempre rajado, dificultando manter na trilha dos carros e ate para parar a moto porque estava muito difícil de vencer a forca dele com ela parada. Após muito esforço, termina o ripio em uma estacao de serviço onde começava o asfalto. Parei ai porque tava o vento tava impossível.
Na estacao, encontrei mais 3 alemaes. 2 deles formavam um casal que desciam cada um em uma moto, desde o alaska fazia 20 meses. Estavam ali a decidir o que fazer em relação ao vento também, pois mal permitia que andássemos la fora (sem exagero). Conversando decidimos todos tentar seguir viagem mesmo com o vento, pois ainda tínhamos que atravessar a fronteira. Como já haviam abastecido, falei para irem seguindo que ia abastecer e tomar um café e já seguia.
Fui abastecer, com a ajuda do frentista para segurar a moto. Comecou a abastecer e de repente, jogou a bomba de combustível no chão (voando combstivel na moto e no chão) e gritou alguns palavrões. Não tinha ideia do que tinha acontecido, perguntei a ele e me disse que colocássemos a moto no lugar abrigado. Ok, colocamos la e perguntei o que tinha acontecido. Pra minha surpresa, havia colocado diesel na moto. Fiquei atonico ali alguns segundos. So pensava na viagem que tinha acabado ali. Não havia ligado a moto e o único a fazer era tentar tirar o diesel. Colocamos a moto em um lugar mais abrigado ainda e com a mangueira que carrego, comecei a puxar o diesel. Ai eu descobri que realmente o tanque não tem dreno de gasolina do tanquee que o volume maior fica inferiormente ao lado oposto da tampa de combustível, onde não conseguia chegar a mangueira. Dentre as inúmeras degustações de diesel e gasolina (sem contar o banho de combustível na moto) deitei ela conseguindo mobilizar a gasolina do outro lado. Dai em diante, enchi e drenei o tanque 2 vezes com gasolina (diluir o diesel ) e segui viagem. O cara super gente fina, não me estressei momento algum com ele, acidentes acontecem.
O caminho estava super dificl com o vento, mas viável de seguir. Passei por um bloqueio dos protestantes que haviam causado problema anterior, mas sem problemas. Cruzei a fronteira tranquilamente ainda arrotando combustível. Se fosse combustível brasileiro, certamente estaria bêbado a esta altura. Hehe.
Cheguei em Puerto natales finalmente. Procurei cambio, estabeleci em quarto compartilhado, aluguei materiais necessários pra camping nas torres del paine e fiz compras pra viagem. Logo após isso, tomei um banho jantei e dormi.
Programacao seguinte e Fazer o trekking W de 4 dias nas Torres del Paine.
